Brincar a sério

20.8.06

Finalmente a bendita chuva.

Diz o ditado: 1º de Agosto, 1º de Inverno. Não foi a 1, mas foi a tempo de ajudar os nossos bombeiros a liquidar os incêndios. E em boa hora veio porque estes homens estavam exaustos, já mereciam parar por instantes e revigorar forças. Os fogos que são de origem criminosa, continuam a grassar por aí, com o à vontade de quem parece impune às leis vigentes. E tanto esses como os de origem espontânea, não dão tréguas, nem a bombeiros, nem às pessoas que pacatamente vão levando as suas vidas da melhor maneira que conseguem. Estas gentes não foram educadas, nem ensinadas a respeitar o fogo, tal como força da natureza, que depois de solto nas matas, é incontrolável. Da lavoura dos campos, faz parte o fogo regenerador, mas o controlo das queimadas nem sempre é prevenido a tempo de evitar os acidentes. Campanhas colocadas no papel, não chegam às populações rurais, com a eficácia que seria desejada e esperada. Noticiários e jornais não fazem infelizmente, parte do quotidiano da generalidade da população. Tanto rurais como citadinos, os portugueses desde sempre inundaram as suas vidas com práticas de queima em matas, para fazer os seus queridos e saborosos petiscos. Depois ficam os resíduos nas matas, por limpar, e os restinhos de cinzas, ainda com carvões acesos, para que uma brisa faça o resto. Não me digam que não porque quem anda na estrada vê muita coisa, quando quer ver. Talvez se impusesse uma lei, esta sim, de tolerância zero, nas braseiras para churrascos e afins. ----1---- Sou pelos pic-nics feitos de saladas e acepipes frios, carnes, pasteis, croquetes, etc., há muitas iguarias frias, que proporcionam banquetes de luxo. ----2---- O governo congratulou-se há dias, sobre a diminuição de mortes nas estradas, como consequência das medidas implementadas. A meu ver não se trata mais do que uma visão torpe do assunto, pois creio tratar-se este abaixamento apenas e só felizes coincidências. No caso de ocorrerem acidentes com carros lotados de apenas o condutor, em que ele seja vitima mortal, é evidente que será apenas 1 vitima mortal, mas se dentro do carro seguirem 4 ou 5 pessoas, as coisas mudam de figura, e há hipótese de haver mais vitimas mortais e feridos. Ora o que eu acho que aconteceu no período em analise, foi precisamente a coincidência dos factores. Não houve mais prudência por parte dos condutores coisíssima nenhuma! E a prova será feita, infelizmente aquando da rentrée. ----3---- Ideias geniais! Ganhar uns trocados com bocados de esferovite, é no mínimo engenhoso, quando se trata de entreter as pessoas a olhar para o ar. Pôr aviõesinhos ultraleves, a pairar sobre as praias algarvias, e com isso lucrar o suficiente para aligeirar o orçamento, dou os meus parabéns ao felizes inventores. Não é todos os dias que se apanham ideias destas no AR. ----4---- A semana passada assisti a um filme, cuja trama se desenrola no Alasca. Enredo à volta do petróleo, tudo não passou de uma chamada de atenção, para o que se tornou o negócio mais rentável de sempre; estragar o que é de todos, com o enriquecimento de um só. Gostei de ver, apesar da hora tardia a que foi difundido, de ver que os povos conseguem lutar por um ideal, ou simplesmente pelo se bem estar colectivo. O discurso final é empolgante e decisivo, para revoltar as mentes mais incrédulas! Acredito que o petróleo, é e tem sido sempre um dos produtos, que apesar de naturais, mais alterações introduziu no Planeta, e é culpado pela pobreza generalizada de 2/3 da população mundial, já que gerou ganância descontrolada, ao ponto de criar e manter dependência, por parte dos empresários do ganho fácil. Governos incluídos! ----5---- Cadastro para a floresta? Como se o facto de ter bilhete de identidade, fosse por si factor suficiente para não termos acidentes de carro!? O cadastro florestal, só vai abrir caminho para mais despesas, que certamente não será o estado a suportar. Certificação de madeiras, até acho bem, mas certificar pinho e eucalipto, para quê? Os senhores governantes têm realmente uma visão pouco penetrante. Irão desaparecer de um dia para o outro, as escarpas das serras? Aparecerão guarda-fogos de largura suficiente para que as chamas não os ultrapassem em línguas devastadoras? Aparecerão bocas de incêndio, a distancias razoáveis para ataque aos fogos? Serão implementadas políticas verdadeiras de prevenção aos incêndios florestais? Não será tudo isto, areia demais para carregar no cadastro? Pensem senhores da política, pensem. Façam estudos sérios para defender as matas e florestas, mas sem fazer a ruína dos proprietários florestais. Os agricultores foram e continuam a ser forçados a deixar de pousio, grande parte dos terrenos de cultivo, porque deixou de ser rentável produzir seja o que for, porque em muitos casos nem sequer é floresta que arde, mas sim matagal, que depois tudo devora. Para reflorestar não basta escrever no papel e publicar anúncios, é preciso incentivar e proteger. A floresta é um bem comum apesar de ter dono. Todos beneficiamos com a sua existência, portanto há que proteger o bem comum. Fala-se tanto de ecologia, ensinam-se as criancinhas a separar resíduos, a plantar ervinhas, a fazer desenhos, mas isso é tudo folclore, o verdadeiramente essencial, é dar condições para que as florestas plantadas, e matas espontâneas, existam, sim, porque de uma mata espontânea também se pode cuidar. Agora que está na berra tratar a ecologia com quase senhoria, aproveitem-se os movimentos de cidadãos para apostar na defesa intransigente do nosso património natural. Cheira-me que vem por aí mais uma revoada de oportunistas, a querer sugar mais uns cobres a quem já tão pouco sobra para enfrentar os terríveis dias de angustia, que são o resto do ano a seguir ao incêndios. Já existem equipas profissionais de limpeza de matas, façam-se associações de produtores, e contratem-se esses serviços. O Património Florestal Nacional merece! ----o---- ass: V.R.

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