Brincar a sério

22.9.06

IDEIAS AVANÇADAS DEMAIS, OU COMÉDIA?

"Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, pergunta o que podes fazer pelo teu país." A famosa frase de John F. Kennedy é naturalmente trazida da memória com a iniciativa do Compromisso Portugal. O pequeno trecho que se segue, admite respostas às perguntas que formula, vou tentar tomar o lugar dos congressistas, a ver se me saio bem. Evidentemente serei tendencioso, mas tentarei não o ser demasiado. Dentro do texto darei as respostas, que se me afigurem as mais adequadas.Pelo Convento do Beato, em Lisboa, passaram ontem gestores - mais que empresários - das maiores e mais importantes empresas a trabalhar em Portugal. Lideram uma significativa parte da criação da riqueza (riqueza pessoal) e do emprego (mau emprego) no País. Pela influência das suas empresas são responsáveis, em grande medida, pelos caminhos económicos, sociais, políticos e culturais (são irresponsáveis, isso sim) de Portugal. Mas, tal como há dois anos, ouvimos conselhos para o outro, (dejá vu) o Estado.Portugal, na imagem que foi transmitida, está uma desgraça (não sejam tão gananciosos). É verdade. Todos conhecemos o diagnóstico do baixo crescimento e da reduzida escolaridade (qual crescimento, das dividas, e do analfabetismo?) que nos pode condenar ao empobrecimento (mais ainda?).É preciso combater o abandono escolar, dizem os gestores do Beato (mas o abandono escolar só existe porque a ganância é enorme, e as famílias precisam do trabalho dos menores para sobreviver). Quantos deles, nas suas empresas, têm políticas de responsabilidade social com programas de apoio aos seus empregados para promover a escolaridade dos filhos? (eles não sabem o que isso é, ignoram por completo) É preciso aumentar as exportações. Mas é o Estado que arranja clientes no exterior? (… então, despesas para os outros e ganhos para eles) Ou será que ao mesmo tempo que se pede menos despesa pública está a dizer-se que é preciso gastar mais no apoio às exportações? (mais malta prá rua para que eles possam ter filas de espera de pessoas para serem admitidas por eles a troco de salários e horários de miséria)É preciso reduzir o número de funcionários públicos em 200 mil, dizem. (?)Quantos destes gestores iriam para a praça pública dizer que precisavam de reduzir em quase 30% o seu número de empregados? (vão mais que isso, porque quanto pior, melhor para eles) E quantos conseguiram fazer isso sem ser lentamente e usando com grande frequência os mecanismos que o Estado, ou seja, a despesa pública, põe ao seu dispor através de reformas antecipadas ou do subsídio de desemprego? (ora, e eles a ver com isso?)É preciso salvar a Segurança Social, dizem. E a receita é passar do actual regime em que os empregados pagam a reforma dos pensionistas para uma conta de poupança individual. E quem paga as pensões de quem está reformado ou prestes a ser pensionista? (os outros que se fodam, (desculpem, saiu-me). E assim nasce, mais um chorudo negócio, para as empobrecidas financeiras) A resposta é: o Estado endivida-se (vejam as caras de preocupados que eles mostram!?). Falta contar o resto da história. Se Portugal se endividar mais viola mais uma vez os compromissos assumidos com Bruxelas e corre o risco de ter de pagar taxas de juro mais altas ( o Estado ou nós?) e, como tal, aumenta a despesa pública. Além disso, a dívida, como todos sabemos, tem de ser paga, mesmo que seja daqui a 50 anos. E nessa altura aumentam os impostos.Ouvir o que têm para nos dizer alguns dos gestores de topo de Portugal acaba por ser mais um triste contributo para percebermos porque está o País como está. (parece um circo, onde os palhaços riem perdidamente) Como é vulgar, há muitos conselhos para os outros, (sempre os mesmos, nós, os palhaços) pouco ou nenhum pensamento sobre o que cada um no seu lugar pode fazer por Portugal. Querem saber que mais?

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