Brincar a sério

17.9.06

Sinais dos tempos?

O que tem de semelhante, uma casa de penhores e um taberna típica? Uma é apelidada de prego, a outra, serve pregos. Pois é, há uns anos atrás era um negócio prospero, ter uma casa de penhores. As pessoas com aperto de liquidez urgente, recorriam com facilidade a esta espécie de crédito, mas honradas, cumpriam de imediato à retoma dos seus valores, a troco de um juro, que era o rendimento dos prestamistas. O consumo de pregos nas tabernas era quase um modo de vida, tanto para quem recorria ao seu consumo, e não eram poucos, como quem do negócio vivia. 1 ou 2 pregos ao almoço e dava para conter a fome, até chegar a casa ao fim do dia de trabalho. Claro que não eram os consumidores de pregos que recorriam ao financiamento do prestamista, ele nem tinha o que penhorar. O cidadão que recorria à casa de penhores não comia pregos, pelo menos em público, havia que manter aparência, ao seu modo de vida ser considerado acima da dos comedores de pregos, a cada qual as suas dificuldades. Em comum, está o facto de cada vez mais se recorrer a financiamentos para tudo e mais alguma coisa, já que há que manter certas aparências, para uns, e evitar a ruptura dos parcos meios económicos. Actualmente o financiamento bancário arruina os miseráveis que a ele recorrem. Os bancos não perdoam, nem largam, quando sentem o cheiro da carniça. Como as falhas nos reembolsos de empréstimos são mais que muitas, recorre-se a outro meio, o prego. Para os que não têm valores tipo ouro ou prata, carros, motas, casas, barcos, aviões, a coisa fica muito complicada, mas para quem tem, tá tudo facilitado, e até se fazem amizades de conveniência. Se como tem anunciado o governo, a retoma está ao virar da esquina, estes candidatos a financiamentos estão a salvo, se não é como anuncia o governo, estas alminhas vão ter imenso que penar. Os SPREAD’s bancários estão a nível 0%, no primeiro ano de crédito, mas estes financiamentos são a 50 anos e com a agravante de estar sob compromisso de fidelidade, por isso acabam por recuperar depressa do prejuízo. Quem não se escapa é o endividado. Pretender vender, só com o acordo do banco ou ao próprio banco. Assim sendo, está quase a ir por agua abaixo o património de milhares de portugueses. Para os que não contraíram financiamento junto de casas de crédito, resta a esperança de poder continuar a comer os ditos pregos, mais salutares que os outros. Iremos assistir a um crescimento acentuado destas duas maneiras de viver? Ir ao prego, e comer pregos?

0 Comments:

Post a Comment

<< Home